A acusação é de um investigador da Universidade do Algarve que lamentou hoje a “falta de sensibilidade ambiental” da empresa encarregue dos trabalhos.
Jorge Gonçalves, que falava numa conferência sobre o mapeamento da costa algarvia, acusou a empresa dinamarquesa de retirar areias de locais ricos em vida submarina “e não de outros, ali ao lado”, em que a vida é escassa.
Lamentou que as autoridades só tivessem tomado conhecimento dessa realidade semanas depois das dragagens, utilizando o fax, apesar de a empresa ter meios para informar “em tempo real” o que estava a fazer, utilizando o GPS.
“Na Dinamarca eles não agiriam assim seguramente”, afirmou o cientista, enfatizando a importância da articulação entre o conhecimento do fundo do mar e a fiscalização por parte das autoridades.
Desde 2003, Jorge Gonçalves coordena o mapeamento da costa algarvia, que já está concluído entre Faro e Albufeira e que está em fase de conclusão na faixa entre Albufeira e Alvor.
Mapa do Fundo do mar
O mapeamento está a ser feito por uma equipa do Centro de Ciências do Mar da Universidade do Algarve, a pedido da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) do Algarve.
Até 2010 deverá estar pronto o trabalho na zona que vai da foz de Alvor à Ponta da Piedade, próximo de Lagos.
Admite-se que o trabalho se estenda posteriormente à costa vicentina (extremo oeste algarvio), embora se trate de uma tarefa “mais complicada” uma vez que é muito rochosa, funda e com grandes diferenças de relevo.
Como principal surpresa do trabalho desenvolvido nas três fases já concluídas (de Faro a Albufeira), Jorge Gonçalves apontou a “enorme quantidade de vida” existente nas zonas arenosas, que constituem a maior parte do fundo oceânico naquelas áreas.
“As zonas mais ricas são, obviamente, as zonas rochosas, mas não esperávamos encontrar tanta variedade biológica nas zonas arenosas”, disse, explicitando mesmo que as areias submarinas do Algarve estão “fervilhantes de vida”.
No areal foram descobertos 561 espécies de invertebrados e 97 de peixes, num total de 1.138 espécies animais inventariadas ao longo dos trabalhos na costa.
“Ao longo deste trabalho registámos pela primeira vez 25 espécies que nunca tinham sido assinaladas em Portugal”, disse, enfatizando que grande parte desses espécimes só tinham sido encontrados no Mediterrâneo ou em águas tropicais.
“Isso pode dever-se às alterações climáticas, mas também ao facto de esta ser a primeira grande sistematização do fundo oceânico da zona, o que quer dizer que eventualmente eles sempre lá estiveram mas nós não sabíamos”, disse.
Foram assinaladas 179 espécies com valor comercial (45 das quais com importância na aquarofilia e colecionismo e 24 nas ciências bio-médicas).
Dessas, 24 têm um estatuto de comercialmente ameaçadas”.
Além dos cerca de 400 mergulhos individuais feitos por três mergulhadores - sobretudo na zona de rocha -, os cientistas recorreram a uma arte designada “arrasto de varas” para a parte arenosa.
Enfatizando que o estudo envolveu a zona costeira até aos 30 metros - a cerca de 4 quilómetros da costa - Jorge Gonçalves definiu o fundo oceânico até Albufeira como “arenoso com oásis de rocha” e daí para oeste de “rochoso”.
Fonte: Observatório do Algarve
http://www.observatoriodoalgarve.com/cna/noticias_ver.asp?noticia=24986
Imagens:
http://www.popa.com.br/guaiba_livre/imagens/draga_em_operacao_500.jpg - Fotografia de uma Draga em operação
http://www.bahiascuba.com.br/images_mergulho/Serv18.jpg - Fotografia de dragagem manual do fundo do mar
http://www.surveyswageningenimares.wur.nl/NR/rdonlyres/747297C1-48D7-4BD0-9822-21656D06B14C/37881/CATCHmix_BTS.JPG - Fotografia de miscelânea de seres marinhos
http://www.sbmimodco.com/products/NewTech/GAP.jpg - Fotografia de draga a operar
http://www.ccmar.ualg.pt/ - Logótipo do Centro de Ciências do Mar do Algarve
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