domingo, 22 de março de 2009

Microalgas que põem carros a andar

Investigadores da Universidade de Coimbra identificaram seis microalgas com elevada capacidade para produção de biodiesel.



As microalgas identificadas pelos investigadores da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) têm a vantagem de ser alimentadas com o dióxido de carbono (CO2) emitido pelas unidades industriais e foram seleccionadas entre as cerca de quatro mil estirpes existentes na Algoteca da Universidade.

O estudo foi iniciado em Março de 2008 e permitiu analisar de forma mais aprofundada uma estirpe com “grande potencial para ser cultivada à escala industrial”, anunciou a FCTUC.

Os cientistas recorreram a um bio-reactor, equipamento que desenvolveram para fornecer as condições óptimas ao rápido crescimento das microalgas. 



Nos próximos meses serão testadas as outras cinco estirpes seleccionadas no projecto, objecto de uma candidatura ao QREN (Quadro de Referência Estratégico Nacional), que prevê uma instalação piloto, para permitir a passagem do estudo laboratorial à escala industrial, disse à Lusa Lilia Santos, coordenadora da investigação.

Na opinião da docente universitária, trata-se de uma “excelente oportunidade económica” para Portugal, até porque as microalgas podem ser cultivadas “em solos inadequados para a agricultura”.

Até agora, a produção de biodiesel tem sido feita com óleos vegetais tradicionais, mas, sublinhou a investigadora da FCTUC, “estudos recentes mostram que, para se atingir quantidades suficientes para a comercialização, é necessário recorrer a práticas agrícolas intensivas insustentáveis”.



“A utilização de microalgas para a produção de biodiesel é extremamente importante como alternativa ao cultivo de oleaginosas tradicionais”, disse. 

Lilia Santos explica que as microalgas “não só crescem muito mais rapidamente (em relação às tradicionais oleaginosas) e permitem uma produção mais elevada de biodiesel, mas têm também a vantagem de serem usadas para a sequestração do CO2 emitido pelas unidades industriais”.

“Seria extremamente importante criarem-se pequenos cultivos de microalgas em zonas agrícolas próximas de unidades industriais”, como forma de limpar a poluição emitida para a atmosfera, sublinhou.



As microalgas fazem, no seu crescimento, uma sequestração natural do CO2”, referiu, realçando a contribuição que estas poderão ter no cumprimento das metas de emissão de gases com efeito de estufa a que Portugal está obrigado.

Actualmente, disse, “a tendência europeia é conjugar as unidades industriais com o cultivo de microalgas, seja em sistemas fechados ou em tanques abertos”.

O cultivo de microalgas junto de estações de tratamento de esgotos é outra das possibilidades apontadas pela investigadora.



Por outro lado, a biomassa resultante do cultivo das microalgas que não for utilizada na produção de biodiesel poderá ser aproveitada para outras aplicações, nomeadamente na indústria alimentar ou farmacêutica.

Fontes: Observatório do Algarve 

http://www.observatoriodoalgarve.com/cna/noticias_ver.asp?noticia=26861

Imagens:

http://wallpapers.dpics.org/wallpapers/17/Bugatti_Veyron_16-4_Supercar.jpg - Fotografia dum Bugatti Veyron, que em nada terá que ver com Biodiesel, ou algas, apenas estética

http://cisbc.info/activities/PublishingImages/algae-2.jpg - Fotografia microscópica de microalgas

http://polizeros.com/wp-content/uploads/2008/06/ethanol-factory.jpg - Imagem de esquema de fotossíntese da microalgas quando sujeitas a radiação solar

http://www.eq.uc.pt/~pcampos3/equacoes/FCTUC.gif - Logótipo da FCTUC - Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra

http://krisdedecker.typepad.com/photos/uncategorized/2008/04/04/solix_bioreactor.jpg - Imagem 3D de uma fábrica de produção de Microalgas em larga escala no deserto
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Pedro Abrantes (NAMB)

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