quarta-feira, 11 de março de 2009

SPEA exige investigação por morte de águia-imperial

A Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA) exigiu que o abate ilegal e a tiro do macho do único casal de águia-imperial que nidificou em Portugal em 2008 seja investigado e os responsáveis punidos. 



Trata-se de "um crime grave contra a natureza" que "põe em causa a conservação" da águia-imperial em Portugal, frisa a SPEA, considerando "muito importante" que o Instituto da Conservação da Natureza e da Biodiversidade (ICNB) "leve, até às últimas consequências, o apuramento de responsabilidades" pelo abate.

"Nomeadamente através de queixa-crime contra os responsáveis pela zona de caça em causa e/ou contra terceiros", acrescenta a SPEA, defendendo que o abate "deve servir como motivo para se criar uma lei que atribua responsabilidades na monitorização e protecção da fauna e flora ameaçadas existentes dentro das zonas de caça". 



Segundo o ICNB, o macho do único casal de águia-imperial que nidificou em Portugal em 2008 foi abatido, entre os dias 21 e 23 de Fevereiro, na área do Vale do Guadiana, numa zona abrangida por uma zona de caça associativa.

A águia foi encontrada morta há duas semanas junto ao seu ninho e a necrópsia revelou que foi atingida por chumbos de caçadeira, explicou o ICNB, que vai apresentar uma queixa-crime ao Ministério Público contra "incertos".

A ave já tinha abandonado o ninho, frisou o instituto, sublinhando que o abate desta águia configura "uma contra-ordenação ambiental muito grave", segundo o Regime Jurídico da Conservação da Natureza e da Biodiversidade (Decreto-Lei nº 142/2008, de 24 de Julho).



Para a SPEA, é "urgente a realização de uma campanha de informação concertada junto dos caçadores e gestores de caça acerca da importância das aves de rapina, do seu papel nos ecossistemas e do modo como podem valorizar a imagem do 'produto cinegético'".

Num comunicado conjunto, as associações de ambiente SOS Lince, A Nossa Terra – Associação Ambiental e Almargem lamentaram hoje o abate, que, além de "ilegal", "representa um desastre para a recuperação da águia imperial em Portugal e um entrave à conservação de muitas espécies de predadores, incluindo as planeadas acções de reintrodução do lince ibérico". 

A águia-imperial é uma das aves de rapina mais ameaçadas do mundo, estimando-se que existam apenas 400 casais sobreviventes, está classificada como "em perigo de extinção" e, a nível europeu, é considerada como "globalmente ameaçada".

Em Portugal, estima-se que existam menos de 10 exemplares de águia-imperial, confirmando-se a sua presença no troço superior do rio Tejo e respectivos afluentes, na bacia do rio Guadiana, nomeadamente nas Zonas de Protecção Especial (ZPE) de Moura/Mourão/Barrancos, Vale do Guadiana e Castro Verde. O Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal classifica a águia-imperial como "criticamente em perigo".



Trata-se de uma espécie prioritária para a conservação da natureza, no âmbito da legislação europeia (Decreto-Lei nº49/2005, de 24 de Fevereiro, relativo à conservação das aves selvagens - Directiva aves - e à preservação dos habitats naturais e da fauna e da flora selvagens - Directiva habitats).

Fontes: Observatório do Algarve

http://www.observatoriodoalgarve.com/cna/noticias_ver.asp?noticia=28088

Imagens:

http://www.diariodelasierra.es/wp-content/uploads/2009/01/aguila.jpg - Fotografia de exemplar de uma Águia Imperial

http://content.epson-europe.com/environment/biodiversity/en/downloads/SPEA_LOGO_V_M_CMYK.jpg - Logótipo da SPEA – Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves

http://www.bertrand.pt/fotos/produtos/9789723710823_1229685463.jpg - Capa do Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal

http://www.abae.pt/programa/images/icnb_logo_large.jpg - Logótipo do ICNB – Instituto da Conservação da Natureza e a Biodiversidade
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Pedro Abrantes (NAMB)

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