domingo, 2 de novembro de 2008

Algarve à mercê da água

Para o clima no Algarve o factor crítico é a quantidade de água, que afecta o coberto vegetal. A conclusão é de um grupo de investigadores da Universidade do Algarve.


A investigação liderada por Tomasz Boski, coordenador do Centro de Investigação Marinha e Ambiental (CIMA), da Universidade do Algarve, evidencia as alterações do nível do mar no Algarve e a forma como o clima se alterou na região durante os últimos 13 mil anos.


“Foi possível reconstituir as flutuações do clima no Algarve através da análise dos pólenes contidos nos sedimentos que amostramos em sondagens no estuário do Guadiana, o que nos permite formar a ideia do que se pode esperar em termos de alterações climáticas no futuro, nesta região”, refere o coordenador do estudo, publicado em três revistas científicas internacionais.



“Percebemos que, no caso do Algarve, é a quantidade de água que parece ser o factor crítico no que se refere ao coberto vegetal do terreno”, acrescenta.

A conclusão é o reflexo da análise da flora predominante nos últimos 13 mil anos no estuário do Guadiana.

“Os climas mais extremos verificados desde a fusão das calotas glaciares, há 15 mil anos, foram uma fase de clima seco e frio, denominada Drias Recente (de cerca de 13 mil a 120 mil anos antes do presente) e outra de clima mais húmido e quente (9 mil -5 mil anos antes do presente), o que nos mostra a importância da disponibilidade de água para o clima da região”, conclui.

Nível do mar condiciona aquecimento global


Outra das conclusões deste grupo de cientistas, alcançada através da análise dos sedimentos recolhidos no estuário do Guadiana, relaciona a subida do nível do mar com os níveis do dióxido de carbono na atmosfera.

De acordo com Tomasz Boski, as alterações do nível do mar poderão condicionar a temperatura do planeta, por via do controle da taxa de fotossíntese no mar e por consequência da concentração do principal gás de efeito estufa na atmosfera.



“Esta é uma questão em aberto e que tem merecido a atenção da comunidade científica pois não sabemos ainda se é o nível do mar que condiciona a concentração de CO2 na atmosfera ou se ao contrario é o CO2 atmosférico que controla o nível marinho. Se é um facto que a subida do nível do mar faz aprisionar o carbono nos sedimentos da plataforma continental, ainda não sabemos que tipo de impacto poderá ter este fenómeno no ciclo global do clima do planeta, nesta fase em que a temperatura média da Terra está a subir”, conclui o especialista.

Fonte: Observatório do Algarve

URL: http://www.observatoriodoalgarve.com/cna/noticias_ver.asp?noticia=25723

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Pedro Abrantes (NAMB)

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