quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Dia Sem Compras: Apelo à ausência de compras ainda não convence portugueses

Passar um dia sem comprar um café, pão, um bilhete de transportes públicos ou gasolina para o carro. Aliás, passar um dia sem comprar mesmo nada. Esta é o desafio do Dia Sem Compras, que se assinala no último sábado de cada Novembro. O dia de protesto contra o consumo excessivo das sociedades ocidentais já entra no calendário português há alguns anos, mas, aparentemente, ainda não entra nos hábitos nacionais.


A data passa despercebida junto das principais cadeias de retalho, que não vêem diferenças de consumo no Dia Sem Compras em relação a outros dias. Por exemplo, o grupo Auchan, dono dos supermercados Jumbo e Pão de Açúcar, e a cadeia de lojas Fnac confirmaram ao AmbienteOnline que não há registos de uma quebra de clientes ou compras neste dia, em anos anteriores.


Mas o que vai ser promovido no próximo dia 28 de Novembro, data em que se assinalao Dia sem Compras? «Uma reflexão», explica João Aguiar, do GAIA - Grupo de Acção e Intervenção Ambiental. «Este dia é uma oportunidade para as pessoas reflectirem sobre o método de consumo que seguem ao longo da vida, principalmente o método de consumo das grandes urbes dos países ocidentais capitalistas», justifica.


A criação de um dia específico no calendário pretende, assim, fomentar nos consumidores uma maior noção do impacto que o consumo «inconsciente» pode trazer. Outro dos objectivos é incentivar ao consumo local como escolha quotidiana, promovendo o desenvolvimento regional e a diminuição dos danos ambientais. A escolha do mês de Novembro não é descuidada. Afinal, esta altura do ano já é marcada pelo frenesim das compras natalícias.


O GAIA promove, anualmente, acções de divulgação e mobilização relacionadas com o Dia Sem Compras . Este ano, a organização vai apostar mais na divulgação, pela imprensa e também pela internet, através de grupos que promovam estilos de vida alternativos.


«As pessoas estão mais dispostas a um consumo sustentável, mas isso pode não ser uma consequência directa do Dia Sem Compras», reconhece João Aguiar, quando questionado sobre o real impacto daquela iniciativa nos hábitos de consumo portugueses.


Do Canadá para o mundo
O Dia Sem Compras (Buy Nothing Day) nasceu há 17 anos, em Vancouver, no Canadá, pela mão de Ted Dave. O artista canadiano apercebeu-se do gasto diário desnecessário que fazia em comida e aperitivos todos os dias. A partir daí começou a pensar em estratégias para reduzir o gasto, poupando na carteira e reduzindo o impacto no ambiente.


Em 24 de Setembro de 1992 (simbolicamente três meses antes da Véspera de Natal), Ted promoveu o primeiro Dia Sem Compras, pensado para ser um boicote de 24 horas a tudo, incluindo ao próprio sistema monetário. A acção teve o apoio da revista Adbusters, criada por uma rede global de artistas que expressam nas páginas da publicação as suas causas políticas e sociais. A Adbusters é actualmente a principal dinamizadora do Dia Sem Compras, o qual, de ano para ano, se tem vindo a assinalar em cada vez mais países.


No Canadá e nos Estados Unidos, o Dia Sem Compras assina-se, tradicionalmente, na última sexta-feira de Novembro, a “ponte” para o fim-de-semana após o Dia de Acção de Graças. Actualmente, a data é celebrada um pouco por todos os países ocidentalizados, com acções de protesto, festas e eventos. Contudo, para Ted Dave, o Dia Sem Compras devia também ser sinónimo de um espírito de Natal alternativo, um dia para oferecer produtos artesanais de produção própria ou qualquer outra coisa que não precise de ser comprada, incluindo a intervenção social. 


Autor / Fonte 
Marisa Figueiredo

Fonte: Ambiente Online

http://www.ambienteonline.pt/noticias/detalhes.php?id=8599

Pedro Abrantes (NAMB)

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